Tucano vítima de maus tratos ganha bico feito em impressora 3D – BBC Brasil em Londres

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/08/150819_tucana_bico_3d_lab?SThisFB  

Após perder a parte de cima do bico devido a maus tratos de traficantes de animais, a tucana Tieta usava a parte de baixo para jogar pedaços de mamão para o alto e engoli-los. Mas, a cada três pedacinhos lançados, só um caía em sua boca.

Agora, com a ajuda de uma impressora 3D, Tieta não precisa mais fazer malabarismos. Ela ganhou um novo bico e já consegue se alimentar normalmente com ele. “Nos primeiros três dias após a cirurgia tentamos dar frutas, mas ela não entendeu que já tinha um bico e não conseguia comer. Mas quando passei a usar iscas vivas, como larvas e baratinhas, ela pegou imediatamente”, diz Roched Seba, diretor do Instituto Vida Livre, que coordenou o projeto.
Danielle Aires
Tucana foi resgatada de feira de venda ilegal de animais silvestres
“Provavelmente ela havia comido isso quando estava em liberdade, então a memória de como usar o bico veio instintivamente”, acrescenta. Tieta foi resgatada de uma feira de venda ilegal de animais silvestres no Rio de Janeiro em março. Chegou ao centro de triagem do Ibama em uma caixa de papelão com outro tucano, bem maior do que ela. Estava magra, desnutrida e já sem parte do bico.
Gustavo Cleinman
Segundo pesquisador Roched Seba, do Instituto Vida Livre, animal demorou três dias para se adaptar à prótese
“Não sabemos se houve uma briga entre os tucanos, que foram mantidos em um espaço muito pequeno pelos traficantes, ou se foram eles mesmos que ocasionaram a perda do bico. Mas, de qualquer forma, ela foi vítima de maus tratos”, diz a coordenadora do centro de triagem, Taciana Sherlock. Taciana diz que nunca havia visto um animal vítima de tráfico chegar com um trauma tão grande. Segundo ela, tucanos do bico preto como Tieta são comuns em feiras de comércio ilegal de animais silvestres. Quando eles são criados em cativeiro e vendidos de forma legal, custam até R$ 15 mil. Após se restabelecer no centro de triagem, o animal foi cedido pelo Ibama para o trabalho de reabilitação em maio. O bico foi implantado no dia 27 de julho.

Impressão

Danielle Aires
Cirurgia para implantação da prótese durou cerca de 40 minutos, mas foi delicada pelo uso da anestesia geral
Foram duas horas até que a impressora 3D imprimisse o novo bico, que tem pouco mais de 4cm e pega 4g. Mas o trabalho de produção levou cerca de três meses. O desafio da equipe, que envolveu três universidades e outras instituições, era fazer uma prótese leve e resistente sem nenhuma outra para servir de inspiração – um projeto semelhante, com outro tipo de tucano, estava sendo feito em São Paulo, mas as duas equipes não sabiam disso. A prótese no tucano verde foi implantada dias antes. Tucanos mutilados costumam receber bicos de outros animais, mas é difícil achar um que seja compatível. Além disso, o bico do animal morto se deteriora mais rápido. Por isso o grupo optou pela prótese 3D.
Gustavo Cleinman
Projeto foi feito com base em bico de animal morto
Trabalhando com ensino de design com impressoras 3D para crianças, o designer Gustavo Cleinman, da Coppe-UFRJ, nunca havia feito nada com animais. “A princípio deu um frio na barriga, mas depois todo mundo se afeiçoou a ela e viu que ela precisava mesmo”, afirma. O grupo usou o bico de um animal morto como molde e, com ajuda de um programa de computador, passou a ajustar o modelo para que se aproximasse o máximo possível do bico original de Tieta. Foram quatro tentativas até chegar a prótese implantada, presa com ajuda de parafusos. Ela foi pintada com esmalte preto e recebeu resina de polímero de mamona, tecnologia brasileira. Como a impressão 3D ocorre por camadas, a resina é importante para vedar o bico e evitar que água e outros materiais se acumulem.
Gustavo Cleinman
Segundo designer, desafio era encontrar material leve e resistente para novo bico
A cirurgia foi feita em 40 minutos, mas era de risco porque o animal – que pesa cerca de 300g – recebeu anestesia geral. Segundo o veterinário Thiago Muniz, porém, não há risco de rejeição, já que a prótese foi implantada na parte do bico que é feita de queratina. Muniz diz que o bico, além de ser importante para a alimentação, permite que o tucano estimule uma glândula que impermeabiliza suas penas para que ele se molhe menos na chuva. Após a implantação da prótese, Tieta já está fazendo isso com sucesso. Todos as universidades e instituições que participaram do projeto o fizeram de forma voluntária. Não seria algo barato – na Costa Rica, uma vaquinha online arrecadou US$ 10 mil para viabilizar o uso de técnica semelhante com um tucano sem bico, mas a cirurgia ainda não foi feita por problemas técnicos.
Gustavo Cleinman
Uso de programa 3D permitiu criar prótese parecida com bico original de Tieta

Futuro

E qual será o destino de Tieta agora? Apesar da prótese, a tucana não pode voltar a ser solta na natureza. Cabe ao Ibama decidir se ela irá para um zoológico ou um santuário. O Ibama e o Instituto Vida Livre querem que ela seja exposta em um projeto educativo, que mostre os malefícios do comércio ilegal de animais e o sofrimento dos animais sujeitos a isso. Mas uma coisa é certa: para onde ela for, irá acompanhada de um tucano macho, também vítima de tráfico, que o Ibama recebeu. O animalzinho também tem um problema no bico – um desencontro entre as partes de cima e de baixo que faz o bico ter forma de tesoura. Mas os dois poderão ter filhotes saudáveis e, com o novo bico, Tieta poderá dar comidas para eles. Os tucaninhos poderão ser soltos na natureza.

JIBÓIA RARA, QUE PODE CUSTAR ATÉ US$ 1 MILHÃO, ESTÁ DESAPARECIDA

JIBÓIA RARA, QUE PODE CUSTAR ATÉ US$ 1 MILHÃO, ESTÁ DESAPARECIDA

AMERICANO TERIA PAGO US$ 1 MILHÃO E RETIRADO A COBRA ILEGALMENTE DO BRASIL. A COBRA TEM UMA MUTAÇÃO GENÉTICA RARA, CHAMADA LEUCISMO.
Um milhão de dólares pode ser o preço de uma cobra. O animal que vale essa fortuna carrega a riqueza no próprio nome: Princesa Diamante. Uma jiboia raríssima. A única no mundo com a pele toda branca e os olhos negros. É o xodó do americano Jeremy. “É muito difícil descrever o carinho que sinto por essa cobra”, diz o americano. Ele adora se exibir com o bicho em vídeos e fotos na internet. Mas prefere esconder o passado e o presente da cobra valiosíssima, que hoje está desaparecida. As respostas para o sumiço da Princesa Diamante podem estar aqui no Brasil. Em 2006, a cobrinha branca foi encontrada no meio da mata, no Rio de Janeiro, e levada para o Zoológico de Niterói. Pesquisadores descobriram que a jiboia tem uma mutação genética rara, chamada leucismo. “Seria a primeira jiboia a registrar no mundo esse padrão”, explica Aníbal Melgarejo, biólogo do Instituto Vital Brasil. Pele clara e olhos pretos. A cobrinha ficou famosa, apareceu na TV. Mas nunca foi mostrada aos visitantes. “Ela nunca ficou em exposição. Que eu me lembre, ela nunca ficou em exposição no zoológico”, conta Thiago Muniz, veterinário. Thiago Muniz, que trabalhou no zoológico, questionou a administradora do zoológico, a Giselda Candiotto, sobre a serpente. “Ela informou que ia levar o animal para casa, e alguns meses depois nos foi informado que o animal veio a óbito”, conta Thiago. Em 2011, o zoológico foi fechado por maus-tratos aos animais. Nessa época, também se constatou que alguns bichos haviam desaparecido, entre eles, a jiboia rara. O Ibama e a Polícia Federal começaram a investigar e deram de cara com os vídeos e fotos de Jeremy, todos disponíveis na internet. “Em 2010, ele começou a postar um vídeo de uma jiboia leucística também, já adulta. E aí nós começamos a achar que era muita coincidência e começamos a investigar mais a fundo e chegamos à conclusão que é o mesmo animal”, conta Carlos Magno Abreu, analista ambiental do Ibama. Jeremy é um dos maiores criadores de serpentes dos Estados Unidos. Segundo as investigações, ele veio ao Rio em 2007 para negociar a compra da cobra com a gestora do zoológico. A transação teria sido concluída em 2009, quando Jeremy teria tirado o animal ilegalmente do Brasil pela fronteira de Roraima com a Guiana. Na casa de Giselda, a polícia encontrou fotos dela e do marido dela com Jeremy nos Estados Unidos. Ainda falta esclarecer o valor que a ex-gestora teria recebido pela venda. “A gente estima algo em torno de US$ 1 milhão, que tenha sido pago por esse animal”, diz carlos Magno Abreu. “Acaba sendo um animal de um valor muito alto pra essas pessoas por conta da possibilidade de cruzar esse animal”, conta Thiago. Exatamente o que Jeremy teria feito.  “Os primeiros filhotes foram vendidos na faixa de US$ 60 mil. Tem filhotes de US$ 35 mil, de US$ 25 mil”, revela Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal. Uma cobra igualzinha à Princesa Diamante, que seria netinha dela, foi parar na Itália. “Tem um vídeo do Jeremy, ele vai pra Itália e ele vai lá pra ver uma serpente que seria neta da “Princess Diamond”, desse animal que ele tinha lá”, afirma Franco Perazzoni. “Há alguns anos, mostrei pra esse cara a Princesa Diamante. Ele decidiu comprar um par de filhotes e reproduzir a cobra branca. Que experiência incrível!”, diz Jeremy num dos vídeos. Giselda e o marido, José Carlos Schirmer, foram presos na semana passada e vão responder por tráfico internacional de animais, contrabando e apropriação indevida. Nos Estados Unidos, a polícia fez uma busca na casa de Jeremy, mas não encontrou a Princesa Diamante. “A informação que a gente tem é que ela já morreu duas vezes. A primeira no Brasil e agora o Jeremy diz que teria falecido em janeiro e não apresenta uma carcaça, nada”, conta Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal. A prisão dele foi pedida pelas autoridades brasileiras. Entramos em contato com Jeremy por e-mail, ele diz que não vai responder perguntas da imprensa e completou dizendo que foi orientado a não falar mais sobre o caso. A ex-administradora do Zoológico de Niterói também não quis falar. “O maior interesse que nós temos em relação a essa investigação é repatriação do patrimônio genético nacional, que são as serpentes. Ele é um animal capturado na natureza, então ele pertence ao estado brasileiro”, finaliza Franco Perazzoni, delegado da Polícia Federal. E a busca pela cobra de US$ 1 milhão continua. Fonte: GLOBO

PROGRAMA ENCONTRO – FÁTIMA BERNARDES

A Tucana Tieta foi resgatada pelo IBAMA em uma feira ilegal. O animal, por motivos desconhecidos, estava com uma fratura do bico superior o que dificultava a sua alimentação e consequentemente seu bem estar e qualidade de vida. Em uma das nossas visitas ao CETAS o nosso amigo e parceiro Roched Seba, presidente do INSTITUTO VIDA LIVRE,  teve a ideia de desenvolver uma prótese 3D para o animal. A partir desse momento a prótese começou a ser idealizada. Os nossos também parceiros Daniel Neves e Taciana Sherlock, fiscais ambientais do IBAMA, compraram a ideia e por conta disso o projeto pode começar a sair do papel. O Bico foi escaneado pelo laboratório NEXT da PUC RIO e feito pelo designer Gustavo Cleinman da COPPE UFRJ. A prótese foi resinada pela empresa Matéria Brasil. A prótese ficou pronta no dia 26/07 e no dia 27/07 o procedimento cirúrgico foi realizado. A cirurgia foi feita na Faculdade de Veterinária da Universidade Anhanguera Educacional, pelos professores Thiago Muniz, Janh Ferreira e Frederico Passos. No começo o animal não reconheceu a prótese como extensão do bico pois provavelmente já estava um longo período sem o mesmo. Gradativamente foi percebendo a presença da prótese e começou a utilizá-la como extensão natural do seu corpo. Voltou a pentear as penas, a acessar a glândula uropigiana, conseguindo impermeabilizar novamente as penas como todas as aves fazem naturalmente com a ponta do bico, além de ter facilitado muito a alimentação, fazendo com que ela voltasse a comer alimentos que não conseguia consumir por conta da ausência de parte do bico superior. Dessa forma pudemos notar uma melhora significativa da qualidade de vida do animal após a colocação da prótese.

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